Quando se fala em Mônaco, esse paraíso fiscal entre o mar Mediterrâneo e o sul da França, o que vem em nossas mentes é sempre algo que é sinônimo de dinheiro. Hotéis luxuosos, cassinos, joalherias, iates e… carros.
Nestes dois quilômetros quadrados (isso mesmo), há apenas cinqüenta quilômetros de vias asfaltadas. Isso porque só existem estes mesmos cinqüenta quilômetros de ruas no Principado. Neles circulam muitas máquinas poderosas, mas também carros muito comuns por aqui.
E o GP de Mônaco de Fórmula 1 é especial. A corrida pelas ruas estreitas, tecnicamente, já não deveria acontecer há muito tempo. De ultrapassagens raras e sempre muito perigosas, o circuito realiza corridas de automóveis desde 1927, e recebeu a Fórmula 1 em 1950, no ano de estréia da categoria. E nem se cogita a Fórmula 1 sem Mônaco. Apesar de todo aperto na pista, nos boxes, nas sacadas, esse charmoso circuito já protagonizou lances inesquecíveis para os fãs da Fórmula 1, tanto bons quanto tristes.
A maior tragédia foi a morte de Lorenzo Bandini, em 1967. O italiano perdeu o controle da Ferrari e após a batida, o carro se incendiou. Lorenzo permaneceu muito tempo no interior do carro e, mesmo socorrido com vida, faleceu dias depois. Outro acidente terrível, mas de menores conseqüências, foi a batida do austríaco Karl Wendinger nos treinos da quinta-feira (Mônaco é o único GP cujos treinos livres são disputados na quinta e não na sexta-feira) do GP de 1994. Wendinger perdeu o controle do Sauber na saída do túnel e bateu muito forte com a lateral do carro no guard-rail que separava a pista de uma das poucas áreas de escape. O piloto sofreu várias contusões na cabeça e ficou em coma por semanas. Mesmo recuperado, Karl Wendinger nunca mais foi o mesmo e encerrou sua carreira na Fórmula 1 no ano seguinte.
Em 1985, o então tri-campeão Nelson Piquet da Brabham disputava posição com Ricardo Patrese, da Alfa Romeo. Ambos haviam sido companheiros de equipe nos tempos de Brabham e parece que resolveram se aproximar novamente, na pista. O toque entre os carros no final da reta (que não é reta) acima dos 200km/h gerou calafrios nos espectadores, com direito a labaredas e pedaços dos carros espalhados por todos os lados. Ambos, felizmente, saíram ilesos.
Michael Schumacher é outro que já fez das suas em Mônaco. Além de cinco vitórias, Schumacher uma vez se envolveu em um acidente com Juan Pablo Montoya na saída do túnel, em 2004. Até aí, nada de anormal entre dois pilotos arrojados em um circuito estreito se acharem na pista, mas o detalhe é que ambos estavam atrás do safety-car. Mais recentemente, me lembro bem da famosa “paradinha” na curva Rascasse, a que dá acesso aos boxes, logo depois de conquistar a pole, em 2006. Embora negará sempre a intencionalidade de seu ato, Schumacher queria evitar que Fernando Alonso, que vinha em volta rápida, lhe tirasse a primeira posição do grid, provocando bandeira amarela no local e prejudicando vários pilotos. O alemão foi punido e largou na última posição.
Além de Schumacher, outros grandes campeões venceram em Mônaco. Graham Hill, bi-campeão mundial em 1962 e 1968, teve cinco de suas 14 vitórias na categoria nas ruas de Mônico. Alain Prost, que sempre contou com a torcida local de maioria francesa, venceu quatro vezes. Só que pertence à Ayrton Senna o recorde de vitórias em Mônaco, seis vezes. Que poderiam ter sido sete se o então estreante, que vinha engolindo a todos sob um dilúvio que ocorreu em 1984, tivesse mais duas voltas para ultrapassar Alain Prost. A decisão de interromper a prova, contestada na época, veio na volta de número 31 das 78 normalmente realizadas no circuito. Senna venceria depois em 1987, com o carro da Lotus, e de 1989 à 1993 com o carro da McLaren. A mais apertada foi em 1992, quando Senna segurou Nigel Mansell nas voltas finais. Mansell tinha um carro muito mais veloz, só que Senna foi perfeito na defesa da posição e ambos cruzaram separados por ínfimos dois décimos de segundo.
Mônaco, Mônaco…
De tantas lembranças, de disputas intensas, de perigos, curvas fechadas e lentas, retas geometricamente inexistentes, do ponto de ultrapassagem que se inventa, do pódium que não tem degrau, das roletas, dos iates, da família real.
Curtam as imagens.
Um abraço e o nosso muito obrigado ao Américo Costinhas.
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