É muito comum, anunciarem listas por aí. Qual os 10 albúns mais importantes da história? E os melhores jogadores de futebol? Os motivos e critérios são os mais variados, questionáveis e subjetivos possíveis. Geralmente, são feitas para se mostrar o quanto o veículo que as publica é influente. A lista a seguir, ao menos segue parâmetros mais lógicos e foi feita pela CNN Money, o braço para assuntos financeiros da gigante de comunicação, CNN, com sede em Atlanta. Com ajuda do especialista Phil Skinner – editor de uma publicação voltada para o mercado de coleção chamada Kelley Blue Book - para ajudar na credibilidade, e com um texto, ás vezes, pra lá de jocoso, a matéria, publicada em de 2006, mostra quais foram os Muscle Cars mais valorizados de 2000 até aquele ano.
Basicamente, a lógica de mercado é a mesma para qualquer objeto antigo, e com os brutos de Detroit não é diferente. Quanto menos unidades produzidas, maior o valor. O que impressiona é a escalada de preço de alguns modelos. Os mais valorizados já chegaram na casa do milhão, como é o caso do primeiro colocado. Mas sem mais enrolação, vamos a eles, por ordem decrescente.
No ano do auge da era Muscle Car, 1970, mesmo as divisões mais conservadoras e avessas a esportividade queriam sua fatia no bolo do mercado jovem, recém formado. A Oldsmobile que, tradicionalmente, produzia carros de tiozão, entrou no jogo com uma mistura de performance e luxo. O 442 era o seu representante e tinha essa alcunha numeral para representar seus quatro carburadores, as quatro marchas e o escapamento duplo. A opção W30, em números oficiais, adicionava cinco cavalos ao V8 de 455 cilindradas cúbicas e 365 hp. Mas há quem diga que esses números são bem modestos e não condizem com a realidade, talvez para driblar as companhias de seguro e o mala do Ralph Naider. Números ofisiosos dizem algo em torno de 410 na versão “comum” e 420 hp com o opcional. Os Olds, ainda, não desfrutam do mesmo prestígio que seus co-irmãos de GM, mas, segundo o especialista ouvido pela CNN Money, tem um grande potencial.
Preço em 2000: US$ 21.300,00
Preço em 2006: US$ 85.960,00
Tido, cinco anos antes, como o precursor de toda a brincadeira de carros médios (para os padrões da época, é bom que se diga) com motores enormes, em 1969, o GTO, pelo menos em vendas, já não obtinha o mesmo sucesso de seus predecessores. Parte da perda de credibilidade entre os compradores da época deve se a “luxurização” do modelo e pouco ganho de potência. Para reverter essa percepção, os caras da Pontiac lançaram o pacote “Judge” que, em sua versão de topo de linha, oferecia aversão Ram Air III, aumentando a potência de 350 para 366 hp. Naqueles tempos, pelo menos entre os Muscles Cars, as versões conversíveis eram pouco procuradas. Ao que parece, o comprador da época não gostava desembolsar uma boa grana a mais, para ter um teto, a menos. Essa raridade de modelos descapotados fazem os preços dessas versões muito mais caras do que se podia imaginar em 41 anos atrás.
Preço em 2000: US$ 36.750,00
Preço em 2006: US$ 205.200,00
O Torino Talladega 1969 faz parte de uma espécie especial de carro, daqueles que tem o DNA das corridas em sua engenharia. A começar pela aerodinâmica (sim alguém pensou nisso naquela época) que lhe trouxe muito sucesso nas corridas de Nascar, ficando com o título daquele ano. Na verdade, toda a produção do modelo era uma desculpa para atender as normas de homologação daquela competição, que exigia que os veículos competidores fossem modelos de fábrica, com um número mínimo de produção. Foram fabricados, 11 protótipos e 743 para o público. Destes, 286 na cor “White”, 258 “Royal Maroon” e 199 na “Presidential Blue”, todos equipados com o motor 428 Cobra Jet. O V8 da Ford é capaz de gerar -em números oficiais -335 hp, mas em uma aferição qualquer chega-se, fácil aos 410 hp. Embora tenha uma história rica de disputas com os “Aero Cars” da Chrysler – Superbird e Daytona – o Talladega ainda não chegou ao mesmo nível de valorização. Especula-se que isso não aconteceu, ainda, pela natureza espalhafatosa de seus rivais. Mesmo assim, é outro modelo com um grande potencial de valorização futura.
Preço em 2000: US$ 23.800,00
Preço em 2006: US$ 37.100,00
A resposta da Chrysler para o Torino Talladega foi quase uma apelação. Depois de enfrentar problemas nas pistas com o instável Charger R/T em 1968 e de tentar um paliativo pouco efetivo com o Charger 500 no ano seguinte, a marca das cinco pontas colocou seus Best-Sellers – Charger e Road Runner – no túnel de vento e apresentaram dois dos carros mais ultrajantes da história automobílistica dos Estados Unidos: o Daytona e o Superbird, derivados dos modelos acima, respectivamente. Mais uma vez, estes carros só chegaram as concessionárias para cumprir a tal homologação da Nascar. Com um número limitado de produção e vendas tímidas na época, fazem dos Aero Cars um dos mais valorizados. A matéria da CNN Money cita o exemplo de um Superbird que, sequer foi vendido e ficou “encalhado” em uma concessionária durante décadas, até ser leiloado. O jornalista ainda faz uma piada de mau gosto, comparando sua asa traseira a um “banco de ponto de ônibus para girafas”. Mal sabe ele que a piada oficial é chamar o aparato de “mesa de passar roupa”. As versões com o motor 426 Hemi, de 425 hp, mais raras, portanto, mais caras, estão no topo da cadeia alimentar.
Preço em 2000: US$ 39.000,00
Preço em 2006: US$ 170.000,00
Mais uma vez, a equação número baixo de produção, mais versão exclusiva e limitada, adicionada a ausência de um teto, faz do Shelby GT 500 KR (King of the Road, Rei da Estrada) um dos campões de supervalorização do seu preço. A parceria de sucesso entre a Ford e o texano Carrol Shelby vinha rendendo bons frutos, tanto nas pistas como comercialmente. Carrol, criado nos autódromos, torcia um pouco o nariz para o ganho de opcionais e, consequentemente, peso dos Mustangs que levavam o seu nome. Os modelos da segunda geração da era clássica, ainda tentavam balancear os dois conceitos. No cofre o mesmo V8 de sete litros que equipava o Torino citado acima. A potência? Cerca de 410 hp, mascarados oficialmente para 335. A geração seguinte ganhou ainda mais peso, tamanho, faixas decorativas, mas perdeu o mais importante: potência. Descontente com o rumo dos modelo, Carrol Shelby encerrou o acordo com a montadora de Dearborn em meados de 1969. Os Shelbys, vendidos em 1970, na verdade, eram sobras do ano anterior. A parceria voltaria com toda força em 2006, poucos anos depois da remodelação retrô do Pony da Ford.
Preço em 2000: US$ 64.500,00
Preço em 2006: US$: 191.000,00
Não há um consenso ou uma verdade definitiva sobre o termo Muscle Car. Geralmente, se refere aos carros americanos, produzidos entre os meados da década de 60 até o começo da década seguinte. Mas, mesmo dentro desse período de tempo, haviam outras designações como os Pony Cars, os Full Sizes que fogem das características clássicas da origem do termo Muscle Car como automóvel médio de quatro lugares, com motor grande e preço acessível. Para exemplificar, as revistas americanas da época classificavam o Camaro como “Pony”, o Chevelle como “Muscle” e o Impala como “Full Size”. O termo Muscle Car acabou ficando mais abrangente na medida em que os cavalinhos e as banheiras passaram a ganhar bastante potência também. Bom, coloquei toda essa ladainha de nomes e classificações porque há um debate sobre como classificar o Shelby Cobra. Há quem diga que ele é mais Inglês, pelo fato da carroceria ter sido desenhada pela AC e há a corrente que o trata como americano, porque todo o acabamento mecânico era feito nas entranhas da Ford, em Dearnborn, Michigan. As primeiras versões, “mais mansas”, equipadas com o mesmo V8 289 – que equipou também ‘nossos’ primeiros Galaxies – tem recebido uma valorização crescente. Mas pornográfico mesmo foi o preço pago por uma versão de corrida, que disputou a famosa corrida de Le Mans, estratosféricos US$ 1.647.000,00!
Preço em 2000: US$ 175.000,00
Preço em 2006: US$ 329.100,00
Por falar no Chevelle, olha o meninão aí. O modelo 1970 é considerado por muitos o ápice em termos de design e potência de toda aquela geração. O motor V8454, com a opção LS6 era, pelo menos declarado oficialmente, a unidade de força mais potente já produzida naqueles tempos, com impressionantes 450 hp. Para se ter uma idéia, nem a Lotus de F1, guiada por Emerson Fittipaldi naquele ano, chegava a essa quantidade de cavalaria. Guardada as proporções e mau comparando, era o Bugatti Veyron de seu tempo, com a vantagem de que você não precisava ser um rico e excêntrico morador do principado de Mônaco para ter um em sua garagem. Como não podia ser diferente, as rareadas versões conversíveis ganharam valor de mercado, quando equipadas com a versão top de motorização. Se os números do chassis condizerem com os opcionais, além de detalhes como rádio de 8 pistas de época, o preço pode alçar vôos ainda mais altos.
Preço em 2000: US$28.700,00
Preço em 2006: US$ 369.000,00
Criado com intuito de combater o Mustang, o Camaro com o tempo, adquiriu personalidade própria e muita popularidade. Você podia encomendar um com 6 cilindros e ter o visual esportivo ou podia engambelar a GM e sair dirigindo da concessionária com a estúpidez sobre rodas, chamada Camaro COPO. Enfim, o Camaro era o carro para todo mundo. A versão Z28 de 1969 era mais uma daquelas estórias sobre homologação. A diferença era que, ao invés de virar para a esquerda duas vezes por volta na Nascar, o Camaro encarava circuitos sinuosos na Trans-Am. O pacote Z28 contava com o V8 “Small Block” 302 de 290 hp e câmbio Muncie de quatro marchas no assoalho. O Camaro é um dos carros mais representativos de seu tempo e isso tem se refletido proporcionalmente na escalada do seu valor.
Preço em 2000: US$ 18.450,00
Preço em 2006: US$ 91.700,00
Se o Camaro é um dos modelos mais representativos da era Muscle Car, arrisco dizer que o Charger R/T (de 1968-70) é “O” mais representativo. Por que? Bom, basta lembrar das aparições dramáticas nas telas de cinema e seriados de TV, que lhe conferiu a eterna fama de anti-herói com o passar dos anos. Lembre também que a atuação do modelo nos cinemas só ganhou veracidade graças a sua performance nas ruas e pistas de arrancada. Some, ainda, a tudo isso um dos designs mais intimidadores que a indústria automobilística já produziu. Não é difícil de imaginar que todos elementos jogam a favor da valorização do rei dos Mopar. O pacote R/T (Road & Track, algo como Estada e Pista) oferecia duas motorizações, o gigantesco V8 de 440 cilindradas cúbicas e 375 hp ou o famoso e popular (em popularidade, não economia) 426 HEMI de 425 hp. Essa última opção de motorização, devidamente documentada, pode quase quadruplicar o preço do eterno Vilão.
Preço em 2000: US$ 39.000,00
Preço em 2006: US$ 170.000,00
As companhias de seguro no encalço dos V8, aliadas as vendas tímidas e a descontinuação em 1972, fazem do ‘Cuda HEMI 1971 conversível o cálice sagrado dos Muscle Cars. Foram produzidos apenas algumas centenas de ‘Cudas conversíveis. Com o opcional HEMI, esse número cai drasticamente. São míseras 11 dessas máquinas destruidoras de penteados, sendo que apenas sete foram vendidas dentro dos Estados Unidos. Isso o torna não só o Muscle Car mais valioso, mas também o carro americano mais caro de todos os tempos. Segundo a Forbes, um desses modelos, com apenas 282 milhas (453 km) no odômetro e toda a documentação de época, foi leiloado na RM Auctions a ridículos US$ 4.000.000,00! E pensar que há 39 anos ele custava módicos US$ 5.000,00… A própria publicação especula que, além da óbvia raridade do veículo, o fator ‘patriotismo’ acabou inflacionando seu valor final.
Preço em 2000: US$ 49.600,oo
Preço em 2006: (Começa a) US$ 2.000.000,00
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